sábado, 5 de novembro de 2011

O passe

Metrô Imagino um grande metrô de superfície. Silencioso e estético. É algo que somente é possível imaginar quando se está parado no trânsito. Meu sócio está concretizando um sonho de anos. Demorou talvez dez anos para o seminário de direito sair da folha de papel. Talvez daqui a... haja o metro de superfície... Talvez eu consiga chegar a tempo para a abertura... Talvez eu dê a desculpa do trânsito... Chegamos e um problema murmura: um dos palestrantes está atrasado... Rotundo não Recordo as olimpíadas de inverno. A matéria do repórter a respeito da cidade no sopé da montanha gelada. Uma pequena cidade onde os turistas vão esquiar na temporada. O prefeito a assumira com o problema dos carros. Eram muitos. Veio a proposta: fazer uma avenida cortando a cidade. A população se reuniu e lhe deu um rotundo “não”. Resultado: a grande avenida deu lugar a um enormíssimo estacionamento na entrada da cidade. Meu estagiário conseguiu chegar de ônibus... Alternativo Uma cidade é feita de prédios, carros e pessoas. São as opções e o que mais se tem em uma cidade. O que menos se tem: ruas. A alternativa não é propiciar transporte alternativo. É educar as pessoas para não comprarem um segundo carro. Educação leva tempo. O carro tem que ser a última opção; é o carro que tem ser alternativo. Começou. Consegui falar com o estagiário; com o outro que integra a coordenação do evento correndo daqui para lá e o inverso e novamente.... Perguntei sobre o palestrante. Não consegui entender direito a explicação, mas a ordem fora alterada... porque lembrei disto? Carona! Carona Estávamos na lanchonete do posto de gasolina. Era sexta, final de tarde. Lá corria a boca-maldita: um chegava e trazia notícias da prefeitura; dois bebiam futebol; três discutiam cerveja; outro dizia que fulano falira; outro bebia demais; outro contava uma história apócrifa e ‘meio’ anônima: falava sobre um colóquio de adultério que acabara dando certo na cidade. Todos o escutaram! Desporto não é só futebol, mas tenho que anotar este nome: Paolo Rossi. Carona ainda Ele parou na porta. A expressão intacta. O rosto gelado. Estava ofegante. Começou a olhar o balcão, como se procurasse alguém. Tinha no olhar um pouco de desespero; um pouco de agora ou nunca. Olhou todos, um por um. Parou em mim. Prefiro asa de avião ou frase de pára-choque, isto me deixara tranqüilo na ocasião... Minha sócia, ao meu lado, insisti em dizer que não foi falta... Paolo Rossi Não tenho nada contra o futebol, só contra o Paolo Rossi. Talvez alguém lembre dele. Foi uma grande decepção. Depois disto, com o tempo, passei a ser vascaíno por parte de pai e torcer por aquilo que tenho embaixo dos pés. É o que importa: senão o futebol vira cerveja. Minha sócia ao meu lado continua insistindo. Refere-se ao vídeo; ao pisão no jogador do Avaí. Eu lhe falo que futebol é um esporte de contato. ‘Falta e expulsão, apenas isto’. Ela não concorda, diz que é uma agressão, um quase-crime.  Carona E por fim Levei a mulher até o hospital. Fomos de carro. Foi rápido. O parto também.... Ele não era o ‘meio’ anônimo da história apócrifa. Era pai! O palestrante concorda com ela. “Tomara que tenha algum vídeo de impedimento” – penso....Ben-Hur Ben-Hur A bola e a roda são as invenções mais ancestrais e populares da história humana. O homem corre sobre rodas e atrás de uma bola. Nem sempre foi assim. Antes disso Gengis khan, velozmente, por sobre um cavalo na estepe asiática, partiu ao meio um damasco na ponta de uma hasta com a sua adaga. Ben-Hur, todavia, já estava sobre as rodas na quadriga. Muitos universitários. Já não há mais buracos na platéia. O metrô chegou... Fluminense Um dia os cavalos se divorciaram da roda. Os cavalos foram para o circuito fluminense, para serem aplaudidos por chapéus adornados com longas fitas de cetim. As rodas foram parar em Mônaco, para a claque de echarpes elegantes. Consigo ver Ingrid Bergman daqui enquanto minha sócia presta atenção na palestra e me pergunta: - E isto. Vai dizer que isto é falta?! “Tomara que não tenha nenhum vídeo de impedimento”.Justiça desportiva Acabei mudando a minha opinião e concordando quanto à justiça desportiva constituir de fato uma exceção ao princípio do livre acesso ao poder judiciário. Mas restrição a princípio fundamental tem que ser interpretada restritivamente: só tema essencialmente ligado à prática do desporto. Caso contrário, há usurpação de competência. Ela concorda. Considerei isto como: gol!!!: “1 a 1”.A bola Há que se ser muito insensível para não devolver com um sorriso, o sorriso de uma criança. Há que se ser muito insensível, para não devolver com um passe, a bola dos moleques da pelada. Não dá para imaginar uma bola rolando na sua direção e você tomá-la nas mãos para entregar nas mãos de uma criança. Tem que se devolver a bola com um passe. (...) A primeira palestra terminou e as pessoas se acotovelavam no coffee break. Cumprimentamos o Beto. Partimos, amanhã viajo cedo. Este evento é um passe! - fim -

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