terça-feira, 29 de novembro de 2011

Brasil deve investir em programas de renovação de frota

Segundo dados apresentados pelo Cesvi Brasil, o país possui 16 milhões de carros de passeio com mais de 15 anos de uso. Se todos fossem colocados lado a lado, ocupariam uma área equivalente a quase 11,9 mil campos de futebol.

Veículos antigos preocupam não apenas pelo espaço que utilizam, mas também pelos danos que causam ao meio ambiente e a toda a sociedade. Além da alta taxa de emissão de poluentes, necessitam de manutenção constante, gerando gastos que interferem diretamente no bolso de todos os consumidores, já que influenciam o valor cobrado por um frete de caminhão, por exemplo.

O assunto foi debatido hoje na Universidade de Brasília (UnB), durante o III Workshop em Transportes, que acontece nestas segunda e terça-feira. O evento, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Transportes da UnB, conta com o apoio da Confederação Nacional do Transporte (CNT). O objetivo é debater a multimodalidade e investimentos em infraestrutura e logística, entre outros temas.

O encontro reúne autoridades, profissionais e estudiosos do setor. O assessor governamental da CNT, Vinicius Ladeira, apresentou o programa RenovAr - Plano Nacional de Renovação de Frota de Caminhões. Focado nos caminhoneiros autônomos, o programa da CNT prevê, entre outras questões, o oferecimento, por parte do governo, de um bônus pelo caminhão velho e a melhoria do acesso ao crédito.

“A implantação do cartão-frete, regulamentado neste ano pela ANTT, é um grande avanço para o setor. O caminhoeiro agora poderá comprovar renda e conseguir, assim, financiamento para a troca do veículo por um mais novo”, disse Vinicius. O mecanismo anterior, a carta-frete, delimitava onde os caminhoneiros poderiam gastar o valor do frete e, para trocar por dinheiro, havia deságio.

Para ser implantado, o plano de renovação de frota necessita ainda estar alinhado aos serviços de inspeção veicular, à política nacional de resíduos sólidos e à reciclagem de caminhões.

O Brasil conta com uma frota de quase 1,6 milhão de caminhões. Desses, 46% são de autônomos, com idade média de mais de 18 anos, segundo a ANTT. “Em países como o Japão, o reaproveitamento dos insumos do caminhão em centros de reciclagem se aproxima dos 100%. Até a poeira retida em alguns lugares é transformada em tijolos”, garantiu o assessor governamental da CNT.

Para o gerente de assuntos institucionais e mercado do Cesvi Brasil, Eduardo Augusto dos Santos, o país precisa investir urgentemente na reciclagem de veículos. “Em vários países há políticas de renovação de frota. Na Europa há incentivo para a troca por meio do pagamento de um bônus. Para que dê certo aqui, é preciso ter uma legislação adequada, definir o que é um veículo fora de uso e incentivar a criação de centros de tratamento para o desmonte e reaproveitamento de peças”, reforçou.

O gerente do Cesvi Brasil afirmou ainda que os benefícios advindos da renovação de frota vão além da redução de poluentes: ocorrem também na economia, a partir da geração de empregos, e na saúde, com a consequente melhoria da qualidade do ar. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, estudos sobre a implantação de centros de reciclagem no país estão em andamento.

Multimodalidade

O diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo (foto), criticou a falta de planejamento e investimentos nas décadas anteriores. Segundo ele, o governo tem trabalhado para reverter a situação, inclusive com a implantação de sistemas de rodovias inteligentes e ampliação da malha ferroviária do país.

“Hoje trabalhamos com metas por trecho, estamos recuperando ramais e vamos criar uma condição de estimular o transporte de passageiros”, exemplificou o dirigente da ANTT.

O superintendente da gestão da oferta da Companhia Nacional de Abastecimentos (Conab), Carlos Eduardo Tavares, comparou o deslocamento feito por diferentes modais no país. De acordo com ele, por falta de alternativas, o transporte de diversos produtos é feito de forma mais onerosa. Isso porque, dependendo da distância, um modal é mais competitivo que o outro. “O deslocamento do milho de Alto Araguaia, no Mato Grosso, para Santos, custa R$ 135 pelo modal ferroviário. Pelo rodoviário, que é o mais utilizado, esse mesmo trecho sai 10% mais caro: R$ 148 reais”, citou Carlos Eduardo, lembrando que os valores referem-se à operação por tonelada no mês de fevereiro.​

Aerton Guimarães
Agência CNT de Notícias

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